A CASA-CE denunciou hoje, “alguns actos de intolerância política que estão a beliscar a campanha eleitoral”, alegadamente por parte do MPLA, com quatro feridos na província do Cuando-Cubango. Tudo normal, dirá o regime, seja pelo “voz” do MPLA ou pelo eco da sua sucursal, a CNE (Comissão “Nacional” Eleitoral).
A denúncia foi hoje apresentada pelo vice-presidente da CASA-CE, Manuel Fernandes, que falava em conferência de imprensa em Luanda, afirmando que “a Coligação já engoliu muitos sapos e insultos intolerantes”. Tem razão. Mas como a sua máxima eleitoral é “Mudança ordeira, positiva e pacífica” (uma espécie paz e amor), se calhar há muitos sapos em lista de espera para serem engolidos.
O vice-presidente da segunda maior força política da oposição apelou à polícia que “assuma o seu verdadeiro papel na contenção desses actos, que mancham a lisura das eleições gerais de 23 de Agosto”. Sendo a Polícia não uma instituição nacional mas um, mais, um organismo ao serviço do regime/MPLA, ela está a cumprir com rigor o seu papel: defender apenas o seu patrão.
Manuel Fernandes relatou que o episódio mais recente teve lugar, no sábado, no município do Cuíto-Cuanavale, província do Cuando-Cubango, onde o local agendado para realização de um acto de massas, na sequência de uma jornada de mobilização, “foi invadido pelo MPLA o que deu origem a uma cena de pancadaria”.
Segundo Manuel Fernandes, no local surgiu “uma multidão, em espécie de milícia”, que na sequência partiu para actos de agressão a membros da CASA-CE.
“Foi assim, um verdadeiro momento de terror, mesmo com a intervenção da polícia as coisas estavam difíceis, pelo que, da cena de pancadaria, resultaram quatro feridos e danos materiais”, explicou.
O político denunciou ainda, que, na mesma localidade, quatro residências de dirigentes daquela coligação de partidos foram arrombadas, uma acção orientada supostamente “pelo administrador municipal e pelo secretário municipal da JMPLA – braço juvenil do partido no poder em Angola”.
Em síntese, o dirigente da CASA-CE poderia apenas dizer que, como nos últimos 42 anos, continua oficialmente válida e pujante a tese de que Angola é o MPLA e o MPLA é Angola.
“É importante salientar que o Cuíto-Cuanavale, em particular, e a província, em geral, é reincidente nisso. Foi assim em 2012 (ano das últimas eleições em Angola)”, referiu Manuel Fernandes.
O deputado à Assembleia Nacional pela CASA-CE manifestou-se igualmente indignado com recorrentes cenas de intolerância política no Cuando-Cubango, mesmo depois de ter recebido, no dia 5 de Agosto, “garantias de tolerância zero” pelas autoridades locais, para casos do género.
“Não passaram oito dias, acontece esta triste barbaridade. Cuando-Cubango não pode ser uma ilha isolada no contexto político nacional, transformado num território de exclusiva pertença do partido cessante no poder”, assinalou.
De acordo ainda com Manuel Fernandes, a CASA-CE tem registado casos de intolerância política “apenas com militantes do MPLA”, sobretudo desde o dia 2 de Agosto, não só na província do Cuando-Cubango, mas também nas províncias do Cuanza Norte, Luanda, Uíje, Cabinda e Bengo.
“E o mais caricato, os protagonistas da acção, no município do Lucala, Cuanza Norte, foram identificados, confessaram terem sido os autores e denunciaram os mandantes, mas minutos depois foram postos em liberdade, sem qualquer medida de repreensão”, lamentou.
O vice-presidente da CASA-CE realçou ainda que, em Luanda, foi criada uma suposta “organização da juventude revolucionária do MPLA”, cuja missão é alegadamente “retirar o material de propaganda da Coligação ou sobrepor ao da CASA-CE”, alguns dos quais “já detidos e julgados sumariamente”.
O político apelou às entidades governativas e à Polícia Nacional, para assumirem “o seu verdadeiro papel”, com vista a manutenção da “sã convivência”, para todos possam “viver em harmonia este período, respeitando sobretudo a diferença”.
Angola vive um clima de campanha eleitoral tendo em vista as eleições gerais marcadas para 23 de Agosto.
Folha 8 com Lusa